Romance Parte 6.

Não penses tu que eu já não a sabias por perto...

Os olhos de medo daquele ser enfermo, há muito já denunciava a sua presença.


Só Deus sabe o quanto ele tentou se esconder de ti. Pelas ruas, um pouco na casa de um, um pouco na casa de outro, vagueando por aí numa eterna procissão rebelde e fugidia, mas sempre a correr do frio da tua presença.

Só Deus sabe o quanto ele tentou a afastar de perto das pessoas que ele queria bem. Talvez para que não fossem atormentados com a tua gélida companhia.


Só Deus sabe o quanto ele resistiu... Só Deus sabe.

É fato que esta atribuída a você, cara senhora das sombras, o título insubstituível de "Rainha das Dores". E, não há como negar, que lágrimas caem quando o teu nome é entoado por perto.

Mas desta eu devo lhe confessar que não me trouxesses medo. Não me senti ameaçado com o teu escárnio.

Desta vez, se eu há houvesse visto no dia em que tu sugou a vida daquele moribundo, certamente eu a encararia com respeito, apenas.

Não sou capaz de entender teus planos entre a gente, mas é bem provável que a tua incumbência aquele dia era a de silenciar uma vida perturbada pelo mundo.

Por que o mundo causa perturbação quando você escolhe não dançar no ritmo em que ele entoa.

Por que o mundo pode ser o seu inferno quando você não o escolhe para ser seu céu.

Por que o mundo conhece da morte apenas aquilo que ela quer que seja conhecido, pois esse é o seu palco principal para as atuações mórbidas de Senhora da Escuridão.


------------------------------------------------------------

Descanse em Paz meu pobre tio.