terça-feira, 31 de março de 2009

Doce ilusão da mente...


Os lábios se tocaram com leveza, tal qual um beijo de mar na areia.
Ele percorria com a língua toda a boca dela.
Ela, por sua vez, abria a boca sutilmente, deixando a língua externa molhar seus lábios inferiores de extremidade a extremidade. O beijo era como um carinho. Uma forma meiga e macia de demonstrarem um ao outro, o quanto se queriam bem.
Os corpos envoltos num abraço afetuoso, respiravam do mesmo ar e aqueciam da mesma emoção... Sucumbiam aos mesmos desejos.
Os olhos fechados davam à impressão de viverem um sonho. De sonharem acordados.
De se fundirem em um só corpo. De viverem uma só verdade.
Era Amor. Simplesmente Amor. E a magnitude do momento era a prova disso.

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A cena não me saía da mente.
Confesso que, durante o dia todo, reavivei algumas vezes a emoção sentida.
Noutras, dava por mim, estava absorto a meditar no deleitante ato.
Incrível como tudo era tão próximo. Tão palpável e vivaz.
Inacreditável como pude sentir de verdade, e, aliás, era de fato, real.
Até agora, quando paro pra lembrar, arrepio-me...
E é um arrepio peculiar de coisas inexplicáveis... De coisas que a gente não sabe descrever...
Bom, por que até onde eu sei, estava acordado. E de repente, acordei de novo, olhei para os lados, pensei nas imagens oníricas a pouco vivenciadas e, ao levantar da cama, acordei mais uma vez...


Um sonho dentro de um sonho dentro de outro sonho:


No primeiro sonho: Eu, estava em companhia da minha namorada. Beijamo-nos tão gostoso que até agora sinto o gosto. O lugar era estranho. Era uma casa com bastante luz, porém, não se conseguia ver nada além de um riacho a nossa frente.
E tenho a impressão de que o nosso beijo durou quase um dia todo.

No despertar do primeiro, eis-me exatamente nesta seguinte cena: Acordei na minha cama. Percebi, ainda que o blackout da janela tapasse a luz do dia, que já era noite – tamanha era a escuridão no meu quarto.
Lembrei de ter sonhado com a minha namorada. Pensei um pouco a respeito.
Então, pus-me a levantar e buscar me situar no dia (lembro que queria saber que horas eram). Mas, ao tentar faze-lo, uma estranha sensação de ser puxado para trás, percorreu-me o corpo...
Despertei mais uma vez... Lembro que fiquei maravilhado com tudo aquilo, mas, ainda com receio de acordar novemente. Porém, não houve um novo despertar. No entanto, após alguns segundos ao último acordar, o meu celular desperta: O dia já havia amanhecido e estava na hora de ir trabalhar.

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Neste mesmo dia, Eu e minha namorada brigamos,
E eu tive vontade de encontrá-la nos meus sonhos e refazer as pazes. Pois sabia que, naquele luzente lugar onde nos encontramos, não havia como não vivermos em paz...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Responda-me se for capaz...

Mergulhou em ilusões... Não que estivesse predisposto a isso, mas, era o caminho mais próximo (quando não há alguém que te aponte uma forma de seguir, as ilusões são as melhores companhias – ou, talvez, as piores). Ele relutou um pouco, não queria se entregar totalmente a elas, mas, não houve jeito. Continuava sem obter respostas, mesmo descarregando perguntas como uma arma descarrega a munição, e, como as respostas não vieram, as ilusões tomaram conta.
A mercê de uma criatividade (é preciso ressaltar que o ímpeto criativo aqui descrito, não é um dos que colaboram por encontrar soluções mais fáceis) relativamente sado-masoquista, as idéias surgidas em sua cabeça, levaram-no a fazer o que fez.
Conjecturou cenas em sua mente e misturou-as com as sensações do momento.
Sentiu que algo estava errado demais. E ouvia cada vez mais forte uma voz que dizia:
- Não acredite no que ela diz! A voz, surgida de um canto obscuro de sua alma, ganhava proporções cada vez mais alarmantes. E sua consciência, imersa em ilusões negras e odiosas, dava cada vez mais ouvido a esse rumor infernal.
Ele perguntou mais uma vez, calma e pausadamente: - Você está me traindo?
E Ela, exibindo um ar de consciência limpa, sorriu como quem dissimula uma pergunta idiota.
Ouviu um grito dentro si e uma gargalhada zombeteira. A voz lhe disse: - Não vês que ela te engana? Se não o fizesse, haveria de te responder e evitaria maiores discussões.
Parte do seu ego queria, realmente, era se convencer de que sua criatividade era demasiadamente estúpida. Convencer-se de que tudo o que pensava não passava de uma mera tolice. Só queria que ela respondesse a sua pergunta. Mas, que ela fosse convincente na resposta. Que olhasse nos olhos dele e dissesse: - Não vês que te amo? Por que haveria de querer outra pessoa? E então tudo ficaria bem. Todavia, algumas pessoas preferem o caminho mais longo, e muito embora o caminho mais perto não seja sempre o melhor, às vezes, é o que chega mais rápido.
Ela calou-se. Não respondeu a sua pergunta. Fez-se de desentendida. Aliás, para ela, a dramatização dele era digna de desprezo, e como tal, indigna de respostas.
Selou a tragédia que estava por vir.

Vociferou-lhe a Voz da alma, e os ouvidos estremeceram de ódio.
Uma descarga de adrenalina percorreu-lhe as veias. Suou sangue nesse minuto.
Perdeu o controle. E, como estivesse sem coordenação, assumira-lhe o corpo a maléfica voz da consciência deturpada.
Sacou uma arma. Apontou-lhe no semblante.
Ela se apavorou. Tentou gritar e suscitar alguma compaixão dentro dele.
Tentou pedir perdão. Tentou... Esbarrara no ódio.
Uma bala à queima roupa perfurou-lhe a fronte. Seus olhos fecharam de imediato.
Não houve nem sequer um instante de agonia. Cessou instantaneamente frente ao metal quente.


O diálogo chegara a um acordo.
Ele não lhe faria mais perguntas sob a condição de ela nunca mais abrir a boca.

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Ter uma idéia é uma questão de acessibilidade.
Estava no MSN conversando, quando derrepente, surgiu-me essa mórbida idéia.
Não sei de onde ela viera.
Porém, fui um mero ligador entre o seu lugar de origem e o seu lugar de destino ( esse blog).
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The End

segunda-feira, 23 de março de 2009

Redenção.....

Janete era uma garota da noite. Garota da noite era um eufemismo que as prostitutas usavam para designar seu ganha-pão: menos vulgar e quase digno da descrição de um trabalho. Janete era um codinome usado por ela por que lhe rendia rimas excitantes com seus clientes, além de ser uma singela homenagem a sua Vó. Ela, Janete, ou melhor, Fernanda Cristina de Souza, sabia que a sua atual profissão não era uma das coisas que agradaria sua Vó. A Vó de Janete, ou melhor, Janete Maria de Souza silva,
Criou Fernanda desde que sua mãe faleceu em um trágico acidente de carro. Quando sua mãe faleceu, Fernanda mal dava os primeiros passos. A mãe de Janete (Fernanda) se chamava Solange domingos de Souza Silva. Teve Fernanda com 25 anos de idade, e deixou de viver aos 26. Janete era fruto de um Efêmero relacionamento entre Solange e um estrangeiro a passeio no Brasil. O estrangeiro - vindo da Alemanha - conheceu Solange no Hotel onde se hospedara. Estava de férias do seu trabalho, e há muito desejava visitar o Brasil. Viera em companhia de alguns amigos, Todos, Sociólogos.
Solange era recepcionista do Hotel aonde o Alemão Arthur Boeff (um elegante jovem) viera passar suas férias. Arthur trabalhava no centro de Antropologia da Universidade de Bauhaus no seu País de origem.
Solange e Arthur Boeff conheceram-se de forma inevitável. Ela era a única que Balbuciava algumas palavras em Alemão, porém o suficiente para estabelecer uma razoável comunicação (havia feito um curso intensivo de línguas estrangeiras, no qual incluía o idioma alemão – coisa que lhe garantiu o emprego de recepcionista do Hotel). Arthur, por não ter mais a quem recorrer, a não ser Solange, acabou por “Familiarizar-se” com ela. Passados alguns dias, marcaram de saírem juntos e acabaram indo um pouco além.
Fernanda era fruto dessa aventura, ou melhor, como preferia sua Vó, desventura amorosa.
Janete Maria de Souza Silva, a Vó de Fernanda, criou-a até os 18 anos de idade, quando por ocasião da velhice e dos problemas cardíacos, deixou a vida entregue aos caminhos da Morte. Fernanda, praticamente ficou sozinha no mundo (Sua mãe era filha única e sua Avó era a única pessoa que ela tinha, pois seu Avô falecera quando ainda sua Mãe era jovem). O pai de Fernanda, Arthur Boeff, não sabia da existência dela. Voltara para a Alemanha sem ser avisado de que Solange estava grávida.
Desolada, arruinada, solitariamente triste, Fernanda (futuramente Janete) pendeu para caminhos obscurecidos por más companhias. Largou o colégio e o trabalho e viciou-se em cocaína.


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Deitada em um quarto escuro, entregue aos confortos do vício, a única coisa que lhe perpassava a mente era a tristeza de viver só. Fernanda beirava a orla de um precipício.
Suas mãos trêmulas mal conseguiam segurar entre os dedos o cigarro aceso.
Seus pensamentos não conseguiam ir além de idéias suicidas, ou, parricidas (porém, nesse aspecto, ela mal podia pensar a respeito, visto que jamais fora informada de quem era, onde morava, quantos anos tinha, o seu Pai). Todavia, sentia um ódio mortal pelo progenitor. Ódio que a consumia dia e noite, segundo a segundo.
A vida de prostituta lhe coubera como uma distração. Ela sabia que teria momentos em que ficaria só e que os pensamentos a respeito a assombrariam. Porém, enquanto estava a trabalhar – envolvida por sexo e drogas – não pensava no assunto. E, pensar na vida era mais doloroso do que se sujeitar a deitar-se com mais de 10 homens por dia.
Foi então que numa noite alva pelo brilho da lua, adentrou no estabelecimento onde Janete trabalhava, quatro homens elegantemente vestidos. Todos os quatro pareciam tímidos em ali postar-se. Quando interpelados sobre qual garota cada um gostaria de se deitar, apenas um entre os quatro, respondeu. E as palavras deste soaram carregadas de um forte sotaque. Todas as pessoas presentes no prostíbulo se voltaram para os estranhos visitantes.
Nessa hora, Janete saiu do quarto onde estava: Seus olhos carregavam a mórbida alegria de uma ilusão entorpecida, e seus lábios - amortecidos e inchados – ostentavam um sorriso diabolicamente doce.
Quando atentou para a presença de diferentes homens na casa, não pode deixar de examiná-los. Sabia ela que o local era freqüentado por gente de todos os lugares e classes sociais, no entanto, alguma coisa naqueles sujeitos ali presentes, era digno de uma atenção maior: Eram quatro homens altos, com portes físicos atraentes, olhos azuis e cabelos loiros.
Examinou-os por inteiro, e logo escolheu o seu preferido, e pôs-se a andar em direção dele. Quando chegou perto, uma estranha sensação percorreu-lhe o corpo. Seu coração disparou e sua respiração ficou rarefeita, como se ela estivesse escalando uma montanha. O escolhido, quando notou a aproximação da moça, virou-se totalmente para ela e esboçou um meio sorriso. Seus olhos carregavam certo receio, típico de quem não é acostumado a visitar prostíbulos. Ela parou na sua frente e fixou o olhar nos olhos dele. Parecia encantada, hipnotizada, apaixonada. Suas pernas tremiam.
Ele, por sua vez, tinha a estranha impressão de já ter visto aquele rosto antes. Os olhos dela eram estranhamente familiares. Trocaram olhares por aproximadamente um minuto. A cena, lembrava o final de um filme romântico.
Janete assustou-se com tudo aquilo. Seus pensamentos se embaralharam e ela parecia ter encontrado o homem da sua vida.
Ele, porém, acostumou-se com a feição admirada da moça, e se sentiu mais descontraído. Já parecia respirar ares de confiabilidade.
Quando Janete pegou em sua mão, dando a indicativa de que o levaria para um quarto,
O homem se deixou levar sem relutância. Parecia ter entendido o recado.
Até então, não haviam trocado uma palavra sequer. E essa quietude perdurou todo tempo. Pareciam não precisarem conversar. E na verdade, Janete não gostava de conhecer seus clientes, mas, quando interrogada por um deles, respondia naturalmente.
Porém, o homem naquela noite, não era de fazer perguntas. E pra ser sincero, o silêncio de ambos dizia muito. Tanto quanto estivessem dialogando.
Ela o deitou na cama e começou a despi-lo. Desabotoou-lhe a camisa com calma, enquanto mordiscava levemente o seu peitoral e abdômen. Jogou a camisa longe.
Foi-lhe abrindo a calça, forçando-a levemente para baixo. Beijou com leveza a virilha e o Órgão ereto do homem. Jogou a Calça longe. Nesse instante o Escolhido, puxou-lhe a camisa, deixando enudecido os seios. Ela ainda oscilava com os lábios sobre seu Pênis enquanto cravava-lhe as unhas nas cochas, quando ele a puxou para cima de si e pôs-se a beijar-lhe os intumescidos Seios.
Amaram-se! Amaram-se por mais de duas horas seguidas!
Janete estava terrivelmente entregue aos encantos daquele desconhecido homem...

Quando o furtivo flerte cessou, ambos entreolharam-se apaixonados...
Não querendo prolongar o tempo e assustado com toda a gama de sensações estranhas que havia sentido em companhia da moça, o Homem levanta-se rapidamente e põem-se a vestir suas roupas. Janete, da cama, fica a admirar o belo homem. Os olhos cheios de sonhos. Terminado de se vestir, o homem balbucia algumas palavras. Janete se esforça para entendê-lo, mas não consegue. O homem falava outro idioma.
Sem muita cerimônia, o Desconhecido deixa o quarto, e já no corredor, chama por seus amigos. Os companheiros respondem prontamente. Estavam todos sentados ao redor de uma mesa, em companhia de algumas garotas da Casa a bebericar vinho tinto.
Ele aproxima-se e todos o saúdam com uma insinuante gargalhada. Mas, o homem
Não acolhe de bom grado as brincadeiras e aponta para irem embora. Contrapostos e sem vontade, os outros homens acabam cedendo aos pedidos do amigo.
Despedem-se rapidamente das garotas, e partem. Neste momento, Janete sai do quarto, procura pelo desconhecido com um brilho nos olhos. As outras amigas reparam em seu desespero, e dão-lhe a triste notícia de que eles já haviam ido embora.
Janete se afunda dentro de si. Volta ao quarto e estende um carreiro branco na cabeceira da cama, inala-o com força enquanto algumas lágrimas molham-lhe o semblante.
Neste instante, percebe no chão do quarto um pedaço de papel. Ela pega o papel e repara que há algo escrito: Arthur Boeff. È um nome desconhecido. Pensa ter caído do bolso do homem que estivera com ela, porém, não tem certeza. Guarda o Pedaço de papel em uma gaveta e volta a usar cocaína, meditando sobre a noite que tivera.


Dois meses se passam e Janete descobre que está grávida.
Seus olhos transbordam lágrimas e ela é acometida de uma estranha felicidade, como se a notícia lhe ressoasse feito uma redenção dos céus aos seus pecados.
As portas do paraíso haviam sido escancaradas a sua frente, e ela enxerga uma possibilidade de mudar de vida.
Olha aos céus, e agradece pela notícia. Olha ao chão, como se olhasse para dentro de si, e agradece por ter conhecido aquele desconhecido homem que lhe trouxe um pedaço de luz. Ele só podia ter sido um anjo enviado dos céus – pensa. Alguém pra compensar todo o ódio que eu sinto pelo meu Pai.
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texto redigido ao som da banda Beirut ( destaque para Elephant Gun - música tema da minissérie CAPITU).....Uma das bandas que tenho apreciado no dado momento.....
No mais, espero que tenham gostado do Texto, caso não, por favor, fiquem à vontade para expressar suas opiniões. Mas, por favor, façamos críticas construtivas! Obrigadu....

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Um Camaleão dentro de um Aquário...Ou, numa linguagem mais Denotativa, alguém que Vive uma flexível versão de Si mesmo. Não morreria por quem sou agora, mas, talvez, por quem poderia vir a ser amanhã... Dentro do Aquário, quer dizer que estou dentro da VIDA....Quer dizer que VIVO! E este Blogue, nasceu com o único propósito de Descarregar algumas das minhas Ilusões, dos pensamentos, dos contos que Pairam pela minha Mente, das coisas que já fiz...Enfinx, é uma mistura de Diário da vida com Um diário de uma imaginação...