quarta-feira, 20 de abril de 2011

A primeira páscoa da minha filha!




Não tenho muitas lembranças fuma maconha caralho a cerca das páscoas que já vivenciei,
no entanto, as poucas que ainda perduram no baú da memória desta massa cinzenta e esclereosada
que é meu cérebro, trazem à tona uma forte gama de emoções edulcoradas de chocolate.
E era assim: a mãe comprava as guloseimas, preparava as cestinhas hoje isso é meio gay - talvez com a ajuda do meu pai biológico ou não -escodia-as, e nós tínhamos que procurá-las acreditando
 que o coelhinho da páscoa havia as escondido. E era tudo perfeitamente executado conforme
 manda a tradição. Nós, logo que acordávamos, procurávamos as cestas com um empenho sobrecomum e, após achá-las, pássavamos o dia todo saboreando cada item que ela continha.
lembro que eu, meus primos e os amigos competiamos quem tinha a cesta mais recheada
repartia-mos as guloseimas, trocávamos alguns bombons e, quase tínhamos uma overdose de chocolate durante o dia de páscoa. Mas, hoje em dia, após a incidência do tempo em minha vida,
 confesso que perdi o encantamento por estas datas comemorativas.
 Quando você descobre o preço de viver, percebe que caminhar com os próprios pés é mais difícil do que parece quando se é criança e a única intenção é crescer.
E é só hoje em dia também que consigo perceber, já com o coração mais maduro, o quanto minha mãe se esforçava para ver nossos rostos felizes. E é com esse mesmo coração, esculpido pela vivência,
 que, emocionado, escrevo esta postagem. Talvez, por que a partir de agora,  seja eu o tal "Coelho da Páscoa". Talvez, por que aprendi com minha mãe que, comprar chocolates não tem preço se for pra encher de felicidade a minha filhota. AMÉM!

domingo, 17 de abril de 2011

Resposta dos céus!


Era noite e chovia bastante. Havia feito um dia bem quente, e a chuva era típica de verão, porém, em pleno outono. O barulho dos pingos da chuva em contato com o telhado da nossa casa, reproduzia exatamente a tonalidade da sua força: praticamente um temporal.

Eu estava na sala matando tempo com o celular entre as mãos torcendo para a chuva diminuir, ao menos, já que a sua intensidade tirara do ar o sinal da Tv a cabo e somente se houvesse uma trégua entre o céu e a terra poderia voltar a assistir o costumeiro futebol das quintas-feiras. Minha mulher tinha ido se deitar assim que o sinal da Tv fora interrompido. Eu, mais insone e perseverante, resolvi esperar. Passados alguns minutos e minha esposa voltou do quarto se queixando de não conseguir dormir. Sentou-se ao meu lado, parecia ansiosa, demorou-se algum tempo e voltou ao quarto no intuito de, segundo ela, tentar pegar no sono. De repente, ouço um leve bater na porta. Três toques suaves e o silêncio de uma resposta. Levantei do sofá, e meio incrédulo ainda de ter ouvido os toques, visto que a chuva lá fora era digna de medo, no mínimo, indaguei:

Quem é?

Não obtive resposta, e como de costume ignorei os batidos, dessa vez imaginando que eu pudesse ter assossiado o tilintar da chuva nas telhas com o som de toques na porta. Voltei a sentar no sofá. Então ouvi:

- Fabi! Ô Fabi?

Sim. Havia alguém na porta, e chamava pela minha esposa. Na hora nem me passou pela cabeça quem fosse, no entanto sabia ser conhecido, e abri a porta resmungando algo como:

- Pô, perdeu a língua que não respondeu quem era quando perguntei?

Só que, com a porta já aberta, olhei e não vi ninguém. Minha mulher, que estava no quarto, ao ouvir minha interação com alguém a porta, levantou da cama e veio ver de quem se tratava. Foi então que, como num passe de mágica, surgiu da parede do lado de fora da casa, o meu cunhado. Irmão de minha esposa. Rosto e roupas enxarcadas. O brilho no olhar de minha esposa resplandeceu de compaixão ao ver o irmão naquela situação:

- Tava pensando em você agora mesmo! Disse ela.

Também fiquei penalizado em vê-lo naquele estado. Ele me olhou, cumprimentou, e respondeu que não havia ouvido a minha indagação à porta em resposta aos seus batidos. Pediu desculpas, e como não havia muito que desculpá-lo, tratei de deixá-los a sós voltando a me sentar no sofá da sala. Eles conversaram um pouco. Riram carinhosos um com o outro. Demoraram-se alguns poucos minutos e depois se despediram.
Ele viera pedir o carro emprestado para ir embora, alegando também que precisava levar sua filha ao médico no dia seguinte.
Após a sua saída, minha mulher voltou a sala. Sentou ao meu lado. Respirou de um jeito estranho, transparecendo algo diferente. Deu-me boa noite mais uma vez e saiu. Porém, ausentou-se de uma maneira tão estranha, tão repleta de mistério, que logo que saiu me senti tentado a ir atrás. Segui-a. Quando cheguei no quarto, ao vê-la deitada de bruços tapada com edredon na altura dos ombros, deitei-me por sobre ela beijando-lhe o pescoço e o rosto. Ouvi da sua parte um cafungar de nariz em corisa, típico de quem está resfriado, ou quem chora. Ela não estava resfriada, restava-lhe o choro. Assustado, perguntei-lhe:

- Por que está chorando? Sua resposta foi tapar os olhos com uma toalha de rosto. Insisti:

- Por que está chorando amor? Novamente sua resposta foi o silêncio.

Meio sem entender nada, e atônito com a situação indaguei:

- Foi alguma coisa que eu fiz? Ela balançou a cabeça negativamente num gesto meio a contragosto.

- Alguma coisa que eu disse? Negou novamente.

- É comigo? Inqueri buscando alguma informação sobre seu pranto.

- Não, não é com você! Respondeu ela, a voz imersa em uma tristeza profunda, nostálgica, saudosa.

- Então o que é? Interpelei cheio de dúvidas. A sensação de ter cometido uma falta despercebida.

Porém, o silêncio ressoou no ar mais uma vez, como se isso fosse tudo o que ela era capaz de responder.
Decidi não pressioná-la. Levantei da cama, fui até a sala, desliguei a Tv, entrei no banheiro, escovei os dentes e retornei ao quarto. Deitei na cama, ajeitei o travesseiro para dormir. Antes porém, virei-me para ela e perguntei mais uma vez:

- O que aconteceu amor?

Dessa vez usando um tom suave de voz, quase que um sussurro. Ela, um pouco mais recomposta das lágrimas, enxugou os olhos mais uma vez e respondeu:

- Sabe o que é? É que eu não estava conseguindo dormir por que estava preocupada com meu irmão. Sabia que ele tomaria chuva quando saísse do serviço, e me preocupei com isso.

Achei o choro desnecessário, porém, de um gesto fraternalmente bonito.
Ela continuou:

- Foi então que pedi: PAI, de onde você estiver não deixe que o mano se molhe muito!

Nessa hora meus olhos encheram de lágrimas. Tudo fez sentido pra mim.
O irmão dela ao bater na nossa porta aquela hora da noite havia sido um sinal.
Um sinal de que o pai dela, meu sogro, falecido a mais ou menos 4 anos, escutou-a e atendeu o seu pedido!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sobre escrever.



Escrevo. Sou escritor.
Não daqueles escritores renomados, bem conceituados, de sussesso, mas sou.
Escrevo de tudo e sobre tudo.
Escrevo coisas da vida e sobre a vida. Escrevo somente.
Nada muito além, nada muito aquém. Algo próximo do que se chama mediano.
Gosto desse título. Ele me cai bem. Aliás, porque não cairia? Eu sou médio. Nem muito alto e nem muito baixo. Nem muito pobre e nem muito rico. Nem muito bonito e nem tão feio.
Nem muito sábio e nem tão ignorante assim. Vivo ali, na metade. E de metades minha vida segue.
As extremidades passam longe de mim. Não sei o que é ser feliz demais e nem o que é morrer de tristeza. Não sei o que é ter dinheiro demais e, no entanto, desconheço a miséria.
Aliás, desconheço também a miséria de espírito. E nesse contexto, a medianidade até que me cai bem.
Sou distante da pobreza espiritual. Também é verdade que não sou puro, porém, acredito que qualquer pequeno afastamento do vazio espiritual já é algo a ser celebrado. E digo isso por que aprendi que a vida requer sensibilidade. Sensibilidade de espírito. E ser sensível é buscar ampliar a percepção. É olhar o mundo com os olhos da alma. É enxergar onde nada se vê. Escutar o que ninguém ouve. Achar palavras para descrever o inefável. Despender tempo a observar o vazio e enxê-lo. E é por isso que escrevo. É por isso que sou escritor. Por que gosto de admirar a vida que passa.  Gosto de perder tempo observando o sorriso de uma criança. Gosto de analisar o formato das nuvens do céu. Gosto do vôo dos pássaros. Gosto da vida. E, o gostar da vida me obriga a querer registrá-la. Se possível todos os segundos que vivo. Todas as vezes que respiro. Se possível, todas as vezes que sonho, todas as vezes que desperto. Por que pra mim o despertar é quase um sonho. E o sonho é uma forma de despertar. Despertar para a vida. Despertar para a imaginação.
Despertar para um mundo diferente. Um mundo feito de palavras e onde tudo existe. Um mundo onde tudo cabe. Um mundo onde os sonhos são realidade. Um mundo onde o querer é poder, distante desse mundo mesquinho em que vivemos. Um mundo onde a vida vale a pena, distante dessa vida ingrata e sanguessuga. Um mundo onde eu me encontro. Feito de palavras e repleto de imaginação. Paralelo ao mundo real, porém, com acesso apenas aos que galgam a irrealidade. Do lado do mundo comum, no entanto, com as portas abertas somente para quem vê na vida algo além do que o simples viver.

domingo, 3 de abril de 2011

Romance - Parte 3

Romance - parte 2 - Por que ela pode estar ao seu lado!



Já era presentida a sua presença.
O gosto gélido de sombra pairava em nossos dias feito o ar que enchia nossos pulmões.
Ela estava próxima, e isso não era difícil de se reconhecer : as pessoas já carregavam no semblante a estampa sem vida da companhia indesejável da senhora das trevas.
Nem mesmo o clamor de uma benção era capaz de desvirtuá-la de sua incumbência : sugar da vida o pouco que lhe resta.
De quando em quando, a rainha da penumbra fingia se afastar. Porém, tão logo sua ausência era sentida, retornava cheia de força, esbanjando orgulho em ser forte e quase invencível.
E aí, a pobre figura senil, que ansiava por um pouco de vida, adoecia mais e mais. E os sorrisos que as pessoas desfilavam como se um milagre tivesse ocorrido, perdiam-se na notícia seguinte reportada pelos lábios frios da morte.
Ó morte, não ouso te afrontar jamais. Porém, podias ser mais justa, e levar deste mundo somente quem tivesse o coração como o teu : frio e vazio. Assim sendo, manteria nos rostos os sorrisos das pessoas, manteria nas pessoas a crença na vida, manteria na vida a lógica do propósito, manteria no propósito a busca incessante por caminhos coerentes e condizentes com a razão de viver.

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Siga em paz ó pobre senhora.

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Nota de falecimento.

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Um Camaleão dentro de um Aquário...Ou, numa linguagem mais Denotativa, alguém que Vive uma flexível versão de Si mesmo. Não morreria por quem sou agora, mas, talvez, por quem poderia vir a ser amanhã... Dentro do Aquário, quer dizer que estou dentro da VIDA....Quer dizer que VIVO! E este Blogue, nasceu com o único propósito de Descarregar algumas das minhas Ilusões, dos pensamentos, dos contos que Pairam pela minha Mente, das coisas que já fiz...Enfinx, é uma mistura de Diário da vida com Um diário de uma imaginação...